Sedeada no município desde o ano de 1981, a APAE conta hoje com 27 funcionários: diretora, secretária, fisioterapeutas, psicóloga, assistente social, educadoras sociais, educadora física, cozinheiras, serviçais, motorista, mensageiro e operadora de telemarketing. Dentro do quadro de funcionários podemos observar atendimentos diversos como fisioterapia, psicologia e assistência social que são de suma importância para o desenvolvimento dos PcDs. 512r59
Marlene comenta que está em aberto um processo seletivo para as vagas de Terapeuta Ocupacional e Fonoaudióloga, porém, até o momento, nenhum candidato se apresentou.
Atendimentos
Segundo ela, atualmente são 53 pessoas atendidas pela assistência social e 63 atendimentos na promoção da saúde. Além do acompanhamento quanto à saúde física e mental, existe um planejamento desenvolvido para cada um dos assistidos, observando sempre as particularidades a serem trabalhadas.
Marlene conta que são várias as atividades disponibilizadas. “O planejamento é específico para cada grupo. São atividades de oficina, educação física, atividades da vida diária (AVD), autocuidado, culinária profissionalizante, capoeira, pintura, natação entre outras”.
Dificuldades da instituição
A APAE é uma instituição filantrópica. E conta, de acordo com a diretora, com subvenção de 70% dos gastos anuais. O restante é suprido por doações e realização de eventos beneficentes.
Marlene explica que a maior preocupação é o Plano de Trabalho que finaliza em janeiro. “O plano precisa ar por votação e nesse período a Câmara está em recesso”. Ela comenta ainda que em 2023 o plano só foi aprovado em março e que por todo esse período a instituição fica por conta própria.
As preocupações demonstram o cuidado. Além de gratidão. “Trabalhar com PcDs é uma mistura de desafios e aprendizado. É maravilhoso o carinho, a sinceridade, a responsabilidade... A espontaneidade deles torna o ambiente encantador. E cada conquista de cada um é excepcionalmente fantástica!”, exclama.
Família
Maria Francisca Damasceno, ou Quinha, 58 anos, é mãe de Lucas Damasceno Marques, 28 anos. Ela fala da importância do apoio da família para que o filho tenha uma vida ativa: “Lucas depende de nós para ear, ir à igreja, praticar esportes. Por isso família é tudo!”.
Lucas frequenta a instituição 4 vezes por semana. Dentre as atividades que pratica estão: capoeira, culinária, artesanato e educação física.
Quinha fala da instituição com muito orgulho e afirma que, mesmo dentro de limitações, “a pouca independência” que o filho adquiriu foi com a ajuda dos profissionais da Apae. Longe de querer romantizar a maternidade, explica que é um desafio diário ser mãe de PcD e comenta ainda que a maior dificuldade como mãe foi durante a pandemia: “Ficar em casa sem poder sair com ele ou que ele fosse à escola foi terrível!”. Segundo ela, Lucas não entendia os riscos e sempre questionava: “eu não fiz nada de errado. Por que estou preso?”.
Ela relembra positivamente do retorno dele à instituição, da retomada a rotina de assistência após o período de distanciamento: “Foi uma alegria enorme. Para os assistidos pela instituição a APAE é muito importante!”.
Maria Francisca é uma mãe presente nas atividades da instituição, se preocupa em participar dos eventos e fala da sua inspiração para tal: “Nossos filhos são nosso maior incentivo para lutar principalmente pelas causas Apaeanas. É por eles e para eles que lutamos. Eles não deveriam servir de desculpa para não trabalharmos nos eventos que a APAE promove porque tudo lá é por causa deles”, afirma.
Marlene também comenta sobre a importância da participação da família na promoção do desenvolvimento dos PCDs: “Somos todos iguais. Ainda que haja limitações, o que sobressai é a pureza, o carinho, o amor que eles sentem. Eles são perfeitamente capazes de enfrentar desafios, ultraar barreiras. Não devem ser subestimados e o tempo que precisam para alcançar os objetivos deve ser respeitado. É importante que os familiares ou aqueles que cuidam de PcDs sejam pacientes, estimulem diariamente e não interrompam o trabalhado iniciado pelos profissionais da instituição. Porque cada pausa ou interrupção no acompanhamento, fica visível o retrocesso no desenvolvimento deles”, explica.
Esperança
Quinha deixa um conselho aos pais ou responsáveis que acabaram de receber um diagnóstico: “Primeiro é aceitação! Já escutei muitas vezes que Deus dá filhos especiais para mães especiais. Então se foi Deus quem te deu, você é capaz de cuidar. Segundo, Deus não vai te desamparar e até pode mudar qualquer palavra negativa. Terceiro, procure ajuda! A APAE tem profissionais capacitados para dar atendimento e apoio e isso faz toda a diferença”, finaliza.
Direitos dos PcDs
As pessoas com deficiência intelectual têm os mesmos direitos que os outros cidadãos. Dentre eles está o voto, o trabalho, a saúde.
A Lei nº 13.146 de 6 de Julho de 2015, tem como Art. 1º: É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania.
Através da LOAS (LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL), dentre outros direitos, caso a renda do PcD seja de até ¼ do salário mínimo, ele tem direito ao BPC (Benefício de Prestação Continuada) que se refere a um salário mínimo mensal.
Definições
De acordo com informações da Biblioteca Virtual em Saúde/Ministério da Saúde, seguem as definições:
Deficiência Intelectual e Múltipla
Pessoas com deficiência intelectual ou cognitiva costumam apresentar dificuldades para resolver problemas, compreender ideias abstratas, estabelecer relações sociais, compreender e obedecer a regras, e realizar atividades cotidianas – como, por exemplo, as ações de autocuidado.
A capacidade de argumentação dessas pessoas também pode ser afetada e precisa ser devidamente estimulada para facilitar o processo de inclusão e de aquisição de independência em suas relações com o mundo.
Deficiência Intelectual
O conceito de deficiência intelectual adotado atualmente foi instituído pela American Association on Intelectual and Developmental Disabilities (AAIDD) como “Incapacidade caracterizada por limitações significativas no funcionamento intelectual e no comportamento adaptativo e está expresso nas habilidades práticas, sociais e conceituais, originando-se antes dos dezoito anos de idade”.
Deficiência múltipla
É a expressão adotada para designar pessoas que têm mais de uma deficiência. É uma condição heterogênea que identifica diferentes grupos de pessoas revelando associações diversas de deficiências que afetam, mais ou menos intensamente, o funcionamento individual e o relacionamento social.
Apesar de uma parcela da sociedade ver os PcDs como incapazes, eles devem ser tratados com respeito e ser ouvidos para que possam conquistar cada vez mais independência, fazer suas próprias escolhas. Limitações não são uma sentença final. O estímulo é importante e tratá-los como indivíduos com sonhos, objetivos, vontades, é o que faz com que eles conquistem liberdade, confiança e se tornem donos da própria história.
O evento retorna para sua 6ª edição, reafirmando sua importância para a música independente de Arcos e região. Com entrada gratuita e espírito de resistência, o festival será mais do que um evento, será um grito pela valorização da cultura autoral.